02/10/14

Quando a ideia sai da gaveta

Há um ano decidi que queria fazer um jogo de tabuleiro


Comecei a trabalhar numa ideia que envolvia personagens com habilidades. Passado pouco tempo o Vasco fala-me de um jogo que concretizava a minha ideia. Enfiei a ideia na gaveta e deixei-a repousar junto das outras.

Passado um ano abri a gaveta e encontrei o meu jogo.

Por norma as personagens são atribuídas no início mas e se as acções do jogador definissem a sua personagem e não ao contrário?

Mãos à obra.

Existem duas correntes tradicionais a nível de design de jogos. A corrente Americana (top-down) parte da temática para a mecânica, a Alemã (bottom-up) foca-se na mecânica e depois no tema.

A abordagem bottom-up pareceu-me mais eficiente para amadores. 

Inicialmente o mais complicado foi encontrar um sistema de recursos original e equilibrado. Uma vez estabelecido, comecei a trabalhar no esqueleto da dinâmica do jogo.

No último ano estudei métodos de criação de jogos, assim como artigos de alguns criadores e
game developers. Todos frisam dois pontos-chave.
  • Parte do simples para o complexo. Começa com o modelo-base a partir daí acrescenta complexidade.
  • Não esperes ter sucesso com o teu primeiro jogo.
Falhei no primeiro e discordei no segundo.

Acrescentei um mundo de complexidade ao jogo sem sequer me aperceber disso. Quando passámos à fase de teste percebi que era uma dor de cabeça acompanhar tanta informação em simultâneo.

Da teoria à prática, um exercício que escasseia.

Com o segundo ponto não posso concordar porque não existem regras universais sobre o que funciona ou não. Também é mais difícil trabalhar numa ideia condenada ao fracasso.

Fast-forward. Tinha a base do jogo. Falei da ideia a dois dos meus melhores amigos – o Miguel e o Diogo - com os quais jogo desde que tenho 12 anos. O entusiasmo deles foi uma surpresa e uma dádiva.

Interessaram-se tanto pelo projecto que agora fazem parte dele. Sem eles este texto não seria escrito.

Houve um período de brainstorm intenso, onde afloraram milhares de ideias. Brotava um entusiasmo contagiante. A nossa melhor decisão foi construir o protótipo e passar rapidamente à fase de testes. 

É onde estamos agora.

O processo está a ser tão divertido que as horas investidas são lazer e não trabalho. Temos uma excelente dinâmica de equipa: A facilidade no relacionamento permite-nos ir ao essencial sem medo de ferir susceptibilidades. Cada um traz diferentes mais valias à mesa.


Não se joga sem objectivos. 

E o nosso é que esta ideia não volte à gaveta.

Fica melhor na prateleira.

 .