05/10/15




Futuro automático

No futuro automático
o passado analógico
é o presente avariado.

10/09/15

Woman V




Woman V - de Kooning 

24/08/15

01/08/15

30/07/15

subtexto

Escondido entre o que era dito: o que na verdade sentia. Foi claro, não? Julgo que sim.
Por vezes canso-me que me conheçam. Pouco espaço para existir quando só nos reconhecemos. Nesse processo algo que é precioso perde-se.
Talvez só assim a máquina funcione, mas mesmo assim. Aquilo que agora sou é mais que o somatório do que tenho sido.

Irrelevante, parece-me.

22/07/15

hip-hop

Fui ao Barbeiro, o mesmo a que vou desde que tenho 5 anos. Disse-lhe que gostava de hip-hop, ele ficou em estado de choque:

- Então tu, um gajo como tu Nuno! é do Benfica e gosta de Hip-Hop?! Foda-se!

E pronto. O mal está feito. Com honestidade se arruína uma relação com mais de 20 anos.

10/07/15

Consulting the Oracle

'Consulting the Oracle', Caroline Walker, 2013

Magnífico. Se a pintura morreu mesmo, com este saiu da cova.

08/07/15

Cocorosie

Fomos ver as cocorosie. Quarta vez, feito groupie: até uma foto tenho com elas. O que interessa: alma imensa, entrega total, um verdadeiro espectáculo. Uma atitude escassa - dever cumprido para com o público. Cumpriram. E de que maneira.

02/07/15

Bom. Inevitável que tudo arrefeça e esvaia. Maré cresce, diminui; praia desgasta devagar. Aproveitar a onda: ganhar balanço, mergulhar e emergir. 

01/07/15

Enquanto o sangue ferve o espaço alastra.

22/05/15

How to write a poem

I DREW A MONKEY
I WAS THINKING ABOUT BANANAS

View from the Window at Le Gras


Segundo a Wikipedia, esta é a mais antiga fotografia que se conhece, data de 1826.

29/04/15



Não registei o autor. Da exposição Tesouros da fotografia portuguesa do século XIX, no museu do Chiado.

06/04/15

a morte dos mestres

Vale Abraão (1993), Manoel de Oliveira

31/03/15

26/03/15

Cem anos de Chaplin

Limelight (1952)

1931, Charles Chaplin está a filmar City Lights; quatro anos depois de The Jazz Singer, o primeiro filme com som sincronizado. Chaplin - então com 42 anos - não consegue gravar uma das cenas iniciais do filme em que o little fellow compra uma rosa a uma jovem cega. Centenas de takes mas nada funciona. Passam-se meses e meses sem filmar até que a solução surge: a porta de um carro a fechar cria um equívoco e o little fellow esgueira-se sorrateiramente.

A descoberta do som sincronizado veio revolucionar a indústria e a concepção do que era, ou do que devia ser, um filme. Charles Chaplin franzia o sobrolho confessando algum receio de ser considerado antiquado, mas já na era do som continuou a fazer filmes mudos: mais do que dizer era importante mostrar.

Por esta altura Chaplin era já uma super-estrela mundial. Aos 28 anos assinava um contrato de oito filmes com a First National - uma das primeiras grandes corporações do cinema. Um ano mais tarde tentou terminar o contrato, quando fundou a sua própria distribuidora. A First National não aceitou a rescisão e Chaplin viu-se forçado a completar os seis filmes que restavam. Não será por acaso que o último filme sob a égide da First National, The Pilgrim, conte a história de um prisioneiro em fuga.

The Pilgrim (1923)

A necessidade de ser o próprio produtor dos seus filmes está relacionada com o seu método invulgar de trabalho: o filme parte de uma cena, um personagem ou peripécia e cresce. Uma cena filmada no fim do filme pode alterar o seu início (como acontece em The Immigrant). A série Unknown Chaplin, de Kevin Brownlow e David Gill,  mostra as poucas imagens que sobreviveram de Chaplin a trabalhar:

Em off, The Tramp deambula pelo cenário como quem procura um episódio, um pretexto escondido. Improvisa, altera objectos, muda roupas, cria e retira personagens. Numa altura remota ao digital, estes ensaios filmados saiam bastante caros: das centenas de takes filmados apenas um pequeno pedaço de película resistia. O restante material era queimado.

A obra de Chaplin demonstra um cuidado particular com o detalhe, seja um gesto ou objecto. Apesar de serem grandes produções - Gold Rush custou 1 milhão USD em 1925 - os filmes aparentam uma grande economia de meios, uma simplicidade elegante. Um naturalismo fiel às relações humanas e à forma como nos comportamos em sociedade.

Modern Times (1936)

Quando pensamos em Chaplin pensamos em The Tramp: um homem ingénuo e distraído, apaixonado, cordial e solitário. Talvez de forma singular na história do cinema, o objecto da criação se tenha substituído ao criador. Mas Chaplin é muito mais que The Tramp: Actor, realizador e compositor. A sua longa vida foi também marcada pelo sofrimento. Desde a infância nos orfanatos até aos últimos anos no exílio. A obra é o espelho de quem nunca esqueceu as suas origens.

Uma comédia pode ser muito mais que uma gargalhada: a paternidade e a maternidade, a injustiça e a pobreza, o amor, a crítica à guerra, ao capitalismo e ao luxo, são temas abordados de forma séria e com um humor inteligente, que valoriza o espectador. Chaplin é a prova de que a arte também pode ser leve.

Cem anos volvidos, o cinema continua a operar sobre os mesmos sentimentos e emoções. Para isso não é preciso muito mais que um little fellow a comprar uma rosa a uma senhora cega.

City Lights (1931)

05/02/15

05/01/15

04/01/15

01/01/15

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